sexta-feira, 14 de maio de 2010

Bom dia

Há pessoas de quem gosto desde o primeiro instante. Pode ser o homem que, num dia de Inverno, entre uma multidão de guarda-chuvas, se detém para apanhar o vaso de flores caído que a florista, do ventre quente da loja, não pôde cuidar (e, se calhar, mesmo que o visse tombar, não cuidaria). Penso sempre que as plantas são gente, apenas de aspecto e vivências distintos. Quando o meu corpo colide com a mais pequena parte do seu corpo vegetal, eu peço desculpa interiormente.

Gosto também daqueles que, indiferentes ao olhar de espanto e desconfiança dos outros, dizem bom dia. Deixa-os a pensar: “Será que o conheço?”. Ignoram que não é preciso conhecer. Que, aliás, nunca se conhece quem quer que seja.